14/02/2010

Teorizando até o chão.

Esse ano por intermédio (pressão) de minha prima, tive a oportunidade de sair para assistir ao desfile do tradicional bloco de rua portovelhece: a Banda do Vai Quem Quer – e Volta Quem Puder. E eu, quase não volto, mas essa é uma historia bem interessante para uma próxima postagem, hoje não quero discutir temas como: violência, vagas de estacionamento, alcoolismo, mototaxistas ilegais, pernas pra que te quero, “CORRE QUE O BICHO PEGOU!!”. Enfim, por hora não quero falar sobre situações onde só a diplomacia e muito diálogo resolvem.
O interessante e que gostaria de comentar é a cultura brasileira e o funk. Pude notar que, mesmo em uma festa como o carnaval, onde estamos habituados a ouvir músicas no estilo ‘Axé Music’, o funk se faz presente. E com uma força e beleza incrível, este estilo já está impregnado na cultura brasileira.
Por este motivo hoje eu escolhi uma música de grande valor cultural e teórico para fazer uma analise antropológica:

Agora virei puta
Gaiola Das Popozudas
Composição: Indisponível

Só me dava porrada!
E partia pra farra!
Eu ficava sozinha,esperando você
Eu gritava e chorava que nem uma maluca...
Valeu muito obrigado mas agora virei PUTA!

Valeu muito obrigado mas virei Puta!
Valeu muito obrigado-gado-gado...

se-se-se-se-se-se-se-se uma tapinha não doi..
eu-eu-eu-eu-eu-eu-eu-eu falo pra você...
segura esse chifre quero ver tu se foder!

segura esse chifre quero ver tu se foder!
segurra esse chifre-chifre-chifre...

Eu lavava passava
Eu lavava passava...
tù não dava valor
tù não dava valor..
agora que eu sou PUTA voce quer falar de amor!!!

agora que eu sou puta voce quer falar de amor!!!
ago-agora que eu sou PUTA-PUTA-PUTA

Bom aqui nós podemos analisar mais de 1500 anos de uma sociedade machista, onde a mulher não exercia direitos e servia apenas como criada do marido. Podemos observar a libertação da mulher diante de um marido opressor. A musica nesse pronto levanta, então, a bandeira do movimento feminista no Brasil. Busca, desta maneira, uma profunda reflexão sobre as lutas deste, enquanto movimento social.
Esta música é uma grande expressão cultural que busca demonstrar e dar conta das novas mudanças e dos novos enfrentamentos, também de todas as contradições vivenciadas pelo feminismo no Brasil durante esses mais de trinta anos.
Temos aqui uma linda expressão artística que serve como alerta para todas as mulheres que passam por situação parecida. Mostrando um feminismo que ressurge na pós-modernidade, demonstrando à mulher uma melhor maneira de incorporação no mercado de trabalho. E ainda escolhendo um tema polêmica como a prostituição no Brasil.
Depois de traçar o perfil do movimento feminista no Brasil, podemos perceber nesse trecho: “Valeu muito obrigado mas agora virei Puta! Valeu muito obrigado-gado-gado...” que nossa heroína começa uma inteligente analise sobre a prostituição.
Geniosamente ela não derrapa nas armadilhas das multiplicidades disponíveis de perfis para o tema e, nos fornece apenas um olhar a cerca da prostituição feminina como inclusão socioeconômica no Brasil. Dadas as dificuldades da análise, a música traça um perfil numa sistematização da proposta que nos permite rascunhar uma possibilidade de entendimento sobre a dinâmica vinculada a discussão, a cerca, da implementação da mulher, que após anos cuidando apenas do lar, resolve se inserir no mercado de trabalho e as interferências socioeconômicas sujeitas à profissão.

Bom, esta foi minha breve análise, o valor teórico-antropologico que essa música contém é realmente inestimável, meu receio é o ter derrapado, em algum momento, no método empregado e, devido à genialidade da obra, ter me equivocado em algum ponto.
Peço desculpas a todos que apreciam a obra se errei em algum momento, pois sou eu apenas uma estudante que acabo de me associar à ABAF – Associação Brasileira de Antropólogos do Funk.